HECTOR COSTITA & JOSEVAL PAES

Quando chegou ao Rio de Janeiro em 1958, Hector Costita conheceu a bossa nova, que começava. A convite do pianista João Donato e entusiasmado com o novo gênero, o saxofonista decidiu ficar no Brasil. Depois de ter tocado com Astor Piazzolla e Lalo Schifrin em Buenos Aires, onde nasceu, Hector Costita passou a dedicar-se à música brasileira. Em plena atividade, o artista faz show ao lado do guitarrista Joseval Paes, com quem celebra 25 anos de apresentações em duo. O show será no dia 22, no Bottles Bar (Beco das Garrafas), às 22h30.

Hector Costita e Joseval Paes alternam os principais temas da bossa nova com standards do jazz. E mostram, às vezes de forma didática, as relações entre os dois gêneros, com histórias vivenciadas por Costita no Brasil e no exterior e exemplos musicais. Ao mesmo tempo que improvisam sobre temas brasileiros, os artistas interpretam os clássicos da música americana no andamento do samba moderno.

– Uma das coisas que mais me atraíram na bossa nova foi perceber que todos os envolvidos no movimento eram músicos de jazz. Isso me interessou, porque eu já era um jazzista na Argentina, onde comecei na big band de Lalo Schifrin. Durante a turnê no Brasil com Robert Inglez (pianista escocês), em 1958, percebi que algo de muito valioso estava surgindo no país – lembra o saxofonista.

Hector Costita & Joseval Paes formam um duo na melhor acepção do termo: dois artistas que se bastam. O que é surpreendente para uma formação incomum. Porém, com 25 anos de parceria, eles fazem os instrumentos soarem como se fossem feitos um para o outro. Saxofone tenor e guitarra, nada mais.

Quando tocam juntos, além das características próprias de cada músico, surge um terceiro elemento, que aparece em uníssonos e diálogos musicais de rara integração. Uma afinidade adquirida em mais de 2.500 apresentações. O entrosamento, com arranjos próprios e variações incomuns, impressiona os ouvintes mais atentos e criteriosos.

No Beco das Garrafas, em Copacabana, considerado o berço da bossa, Hector Costita foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento da vertente instrumental da bossa nova que, com base na improvisação musical, ficou conhecida como samba-jazz. O estilo ficou marcado no LP “Você ainda não ouviu nada!”, de Sérgio Mendes e Sexteto Bossa Rio.

O disco, com os principais temas de bossa nova em arranjos instrumentais de Tom Jobim e Moacir Santos, foi o segundo da carreira de Sérgio Mendes, que formava o Sexteto Bossa Rio ao lado de Hector Costita, do baterista Edison Machado, dos trombonistas Raul de Souza e Edson Maciel e do contrabaixista Tião Neto.

A gravação foi resultado da temporada no Bottle’s Bar, no Beco das Garrafas, em 1963, e é cultuada até hoje por apreciadores de música e instrumentistas de todo o mundo.

Nasceu em Buenos Aires, em 1934. Veio ao Brasil em turnê com o pianista escocês Robert Inglez, em 1958, e conheceu os principais expoentes da bossa nova. Fez parte do Sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, e participou de gravações com Dick Farney, Johnny Alf, João Gilberto, João Donato, Elis Regina, Raul de Souza, Tenório Jr., Zimbo Trio, Edu Lobo, Chico Buarque e Milton Nascimento.

Em festivais de jazz e no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, onde liderou uma big band nos anos 1980, Hector Costita dividiu o palco com Miles Davis Quintet, Oscar Peterson Trio, Ella Fitzgerald, Tonny Bennett, Benny Carter, Dexter Gordon, Phil Woods e Michel Legrand. Como líder, seus principais discos de carreira são: “Fabuloso Hector” (1962), “Impacto” (1964), “Hector Costita” (1981) e “Paracachum” (1985). No primeiro semestre de 2018, excursionou pela Itália, onde fez shows e ministrou workshops.

Joseval Paes tem 34 anos de carreira e acumula passagens pelas principais orquestras de São Paulo, onde nasceu, em 1968. Apresentou-se em diversas casas de jazz pelo mundo: na Suíça, Itália, África e em Portugal. Atualmente, Joseval Paes exerce intensa atividade didática no Conservatório Dramático de Música Dr. Carlos de Campos, em São Paulo, onde é professor de guitarra, contrabaixo e prática de conjunto. O músico também coordena a Big Band Jovem da instituição. Como professor, também atuou no Clam, a escola de música do Zimbo Trio.

Informações: 2543-2962 / 96800-8683